As bolsas dos EUA reagiram negativamente aos dados de confiança do consumidor e expectativa de inflação da Universidade de Michigan (UM). Especialmente, as expectativas de inflação para os próximos 5 anos estão em um nível só antes em outubro de 2011.

O S&P 500 caia mais de 0,60%, enquanto a Nasdaq caia 0,80% e o Dow caia 0,40%.

Uma das principais “missões” do Fed é ancorar as expectativas de inflação pois, a inflação futura possui um papel importantíssimo em determinar a inflação corrente. Porém, apesar de os 3,1% observados hoje estarem longe da meta de 2% do BC americano (no médio/longo prazo), os dados ainda não sugerem uma espiral inflacionária. Por outro lado, a inflação americana é alimentada por um mercado de trabalho muito resiliente (apesar de já mostrar sinais de fraqueza, principalmente nos pedidos semanais de seguro-desemprego) e o aquecimento exacerbado da demanda por bens e serviços, componentes de demanda sensíveis a política monetária. Caso a inflação continue resiliente principalmente no canal das expectativas, o Fed pode (e deverá) voltar a elevar a taxa básica de juros, frustrando completamente as expectativas do mercado que, já precifica cortes prematuros para setembro de 2023. O cenário compatível com as expectativas do mercado e com o nível de juros terminais para o ano corrente que a maioria dos traders estão apostando é uma recessão econômica, de fato a economia americana já dá sinais de fraqueza mas, a crise bancária poderá ser o catalizador desse cenário e, isso parece pesar mais na decisão dos dirigentes do FOMC do que a própria inflação, dado que, uma contração de crédito e do fluxo de dinheiro em circulação é um canal potente em derrubar a atividade econômica.

Além disso, um assunto que vem sendo levantado nos últimos meses é a elevação do teto da dívida americana e o risco fiscal. Os Estados Unidos estão correndo um sério risco de incorrer em um ‘default’ (situação em que o país deixa de honrar suas dívidas), caso não seja aprovada uma medida no sentido de elevar o teto de gastos. Caso os formuladores de políticas falhem em resolver a crise do teto da dívida, os efeitos de um ‘default’ histórico dos EUA será desastroso não só para o país mas também para praticamente todo o sistema financeiro global. O aumento do risco fiscal nos EUA tem implicações negativas sobre o fluxo de capitais no país, com os investidores perdendo confiança na capacidade do país em honrar seus compromissos, o dólar tende a perder força, pressionando ainda mais os preços domésticos do país pelo canal da taxa de câmbio. Além disso, as taxas de juros também disparariam nesse cenário, dado o maior prêmio de risco. Porém, ainda é cedo para conjecturar um cenário como esse, mas, isso pode estar impactando as expectativas de inflação de longo prazo, uma vez que, mesmo que o teto da dívida seja expandido, uma política fiscal contracionista se faz urgente por parte do governo americano.

A leitura preliminar de confiança do consumidor mostrou uma desaceleração considerável em relação ao mês anterior, com o indicador caindo de 60,5 pontos em abril para 53,4 pontos me maio, enquanto a projeção do mercado era de uma queda pífia para a casa dos 59,8 pontos. Os dados macroeconômicos ainda não mostram sinais de recessão na economia americana mas, é visível que os agentes estão cada vez mais preocupados em maio, podendo as notícias negativas sobre impasse da dívida e a corrosão do poder de compra os principais culpados.

Análise de curto prazo

S&P 500

O S&P 500 se encontra em região de suporte na região dos 4110 pontos, é válido também notar que no gráfico de 4 horas há um duplo fundo, padrão de reversão, com alvo projetado para a região dos 4300 pontos. Porém, os touros terão de quebrar muitas resistências para concretizar o alvo desse padrão.

Os analistas do Credit Suisse consideram que o índice precisa romper os 4195 pontos (região onde estão posicionadas diversas ordens de short) para uma alta sustentada e, reforçam suas perspectiva negativa para o índice. O cenário macroeconômico não parece corroborar com uma alta de tal magnitude no curto prazo, sendo ainda possível um teste na média móvel de 200 dias, para só então “engatar” uma alta. Um movimento de tal magnitude poderá demorar semanas.

DXY

O DXY segue em alta pelo segundo dia consecutivo, batendo o alvo do duplo fundo que havíamos mencionado na última análise do índice, agora sendo cotado na região dos 102,690 pontos. Caso vencida essa região, o índice poderá estender a alta até os 103,400 pontos. O DXY tem se beneficiado do medo do calote da dívida americana e das declarações hawkish de membros do Fed (no sentido de que não irão cortar juros ainda esse ano), em meio a mais um episódio da crise bancária dos EUA.

Bitcoin

Após as ações do PacWest cairem mais de 22% no último dia 11/05 depois que a companhia bancária informou que perdeu mais de 9,5% dos depósitos após o fechamento do First Republic, em mais um episódio da crise bancária americana, as narrativas de que o Bitcoin seria um refúgio em meio a crise bancária parecem ter perdido força, com o criptoativo caindo 2,50% após o fechamento do último candle diário. A criptomoeda também sofre com as tensões regulatórias, o congestionamento da blockchain e a dimuição da liquidez no mercado de criptoativos. O ativo digital também reagiu negativamente aos dados da UM divulgados hoje às 11:00 (horário de Brasília), encontrando suporte na região dos US$ 26.300.

Apesar de haver indícios de que a rede do Bitcoin está voltando a sua normalidade, isso claramente afetou a confiança dos investidores diante do criptoativo. Caso perdido o suporte, o para BTC/USDT deverá voltar a testar níveis na casa dos US$ 25.000.

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